A França tornou-se no primeiro país o mundo a inscrever o direito ao aborto na Constituição. 50 anos antes, a interrupção voluntária da gravidez já tinha sido despenalizada naquele país.
Foram ouvidos lemas já utilizados anteriormente e noutros contextos como «Meu corpo, minha escolha». Tudo isto é simplesmente assustador porque «O aborto na constituição é a própria negação dos direitos humanos.» de todas as crianças que não conseguem nascer!
Olhando para tudo isto de forma simples, direta e extrema: o aborto é matar alguém indefeso! Extrapolando, para casos que infelizmente nos são familiares, quem defende o aborto com base no lema «Meu corpo, minha escolha», também defenderá o lema «Minha casa, minha escolha», nos casos de violência doméstica e até de homicídio no mesmo contexto, ao defender esse direito por parte de quem é o dono da casa, apenas porque as vítimas estão dentro daquilo que é dele? Não é uma analogia ridícula, é utilização do mesmo pensamento num contexto semelhante, no contexto de impor a vontade sobre o outro, no contexto de não respeitar o direito à pessoa, à vida, à felicidade!
Referindo-me apenas à problemática do aborto, muito antes dessa decisão de morte, existem métodos contracetivos, muitos deles gratuitos, para impedir que a fecundação aconteça, ou seja, evitando a necessidade de matar posteriormente, resumindo, qual o motivo para provocar a morte quando existem outras escolhas prévias? E antes destas muitas outras, mais ponderadas, e que seriam ainda mais aceitáveis, saudáveis e corretas!
Esta ideia de poder e controlo é doentio. A sociedade está doente e sequiosa em dominar e influenciar o que a rodeia. Cada ser tem o direito à vida, à liberdade, desde que não entre no campo da vida e liberdade do outro.
Um embrião, um feto, não se veem com o olhar, e por isso, é como se não existissem, sendo fácil sentencia-los à morte. Infelizmente, muitas vezes, o que não se vê não se sente, não se ama e não se protege. Mas ele existe, está lá, e precisa de nós para poder nascer. O tamanho pequeno e a fragilidade não lhe devem retirar direitos e oportunidades, assim como não dá nenhum direito à mãe de dispor dele como entender. Uma vida é sempre uma vida!
Raquel Assis, in Voz de Lamego, ano 94/18, n.º 4746, de 13 de março 2024.