HomeDestaquesUm por todos…

No romance “Os Três Mosqueteiros”, de Alexandre Dumas, convertido em filme umas quantas vezes, o grupo de mosqueteiros, D’Artagnan, Athos, Porthos e Aramis, tem como lema: “Um por todos, todos por um”. Unidos, enfrentam as diversas adversidades, contratempos, batalhas!

Quando nos aproximamos da celebração festiva da Páscoa, passagem da morte à vida, da desolação à esperança, recentramo-nos, como deverá ser em todo o tempo, em Jesus Cristo, acolhendo a Sua palavra, deixando-nos contagiar pelas Suas escolhas, procurando realizar a vontade do Pai, semeando a paz, iluminando a vida das pessoas com o perdão, a ternura, a proximidade, acudindo aos mais necessitamos, respondendo-lhes, fazendo o que está ao Seu alcance para curar, redimir, incluir, restituir a vida, a dignidade, a pertença à comunidade. Jesus faz-Se próximo dos últimos, dos ostracizados da cultura, da sociedade, da política e da religião, abraça os desalentados, as crianças, os doentes, confraterniza com pecadores e publicanos, mulheres (com condutas duvidosas) e estrangeiros. A todos atende, de todos Se faz irmão, não tem agenda, não usa a pressa ou compromissos futuros para se desviar! Onde pulsa a vida, aí está Jesus, no campo, nas aldeias e nas cidades. Aceita sentar-se à mesa de quem o convida e, por sua iniciativa, faz-Se convidado dos pobres e dos simples.

Um dos momentos decisivos no processo de julgamento e condenação de Jesus, segundo o evangelho de são João, é a ressurreição (ressuscitação) de Lázaro, que motivará (ainda mais) os fariseus e doutores a Lei a congeminarem um plano para calarem Jesus e o fazerem desaparecer do mapa. “Então, muitos dos judeus que tinham vindo ter com Maria, ao verem o que fizera, acreditaram nele. Mas alguns deles foram ter com os fariseus e disseram-lhes o que Jesus fizera. Os chefes dos sacerdotes e os fariseus reuniram, então, o sinédrio e diziam: «Que havemos de fazer, uma vez que este homem realiza muitos sinais? 48Se o deixarmos assim, todos acreditarão nele; virão os romanos e destruirão o nosso lugar santo e a nossa nação». Mas um deles, Caifás, que era sumo-sacerdote naquele ano, disse-lhes: «Vós não percebeis nada! Não compreendeis que é melhor para vós que morra um só homem pelo povo e não pereça toda a nação?». Não disse isto por si mesmo, mas, sendo sumo-sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus estava prestes a morrer pela nação. E não só pela nação, mas também para congregar na unidade os filhos de Deus dispersos. Assim, a partir desse dia, deliberaram que o iriam matar” (Jo 11, 45-53).

Caifás expressa, de forma clarividente, o sacrifício vicário de Jesus. Ele morrerá por todos, para poupar o povo e para congregar na unidade todos os povos.

São Paulo, por sua vez, sublinha como em Jesus, por um só homem, são salvos todos os homens. Bem se adequa a divisa “Um por todos”, Jesus pela humanidade. “Mas o que acontece com a graça não é como o que sucede com a falta. Pois se, pela falta de um só, todos morreram, com muito maior razão a graça de Deus, dom contido na graça de um só homem, Jesus Cristo, a todos foi concedida em abundância… Com efeito, se foi pela falta de um só e por meio de um só que a morte reinou, com muito maior razão reinarão na vida aqueles que recebem a abundância da graça e do dom da justificação por meio de um só, Jesus Cristo. Portanto, assim como pela falta de um só adveio a condenação para todos os homens, assim também pela ação justificadora de um só adveio para todos os homens a justificação que dá a vida. Pois assim como pela desobediência de um só homem todos se tornaram pecadores, assim também pela obediência de um só todos se hão de tornar justos” (Rom 5, 15- 19).

Cabe-nos cumprir, como cristãos, seguidores de Cristo, a graça com que fomos revestidos e nos tornamos novas criaturas. Já não moramos no pecado, moramos na ressurreição de Jesus. Vivamos como tal!


Pe. Manuel Gonçalves, in Voz de Lamego, ano 94/19, n.º 4747, de 20 de março 2024.

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