Outubro é o mês missionário, sem esquecer que é também o mês do Rosário, celebrando-se, no dia 7, a memória litúrgica da Virgem Santa Maria do Rosário. Com efeito, bem podemos dizer que Maria é a primeira missionária, a primeira a correr para levar Jesus, para levar a alegria do Evangelho que gera no seu ventre. Logo depois da anunciação do Anjo, Maria levanta-se e apressa-se para se encontrar com a sua prima Isabel. É este o episódio a partir do qual o santo Padre escolheu o lema para a Jornada Mundial da Juventude.
A Visitação, na verdade, explicita a vocação de Maria: dar-nos Jesus, comunicar-nos a alegria que traz ao mundo, contagiar-nos com a presença de Deus. Isabel é testemunha disso, pois mal ouve a voz da saudação de Maria, o seu menino (João Batista) exulta de alegria.
Para o Dia Mundial das Missões, este ano a 23 de outubro, o Papa escolheu este versículo tirado do livro dos Atos dos Apóstolos: «Recebereis a força do Espírito Santo, que descerá sobre vós, e sereis Minhas testemunhas em Jerusalém, por toda a Judeia e Samaria e até aos confins do mundo» (1, 8).
Se recuperarmos a temática escolhida no ano passado, vemos a acentuação e a interligação lógica: «Não podemos deixar de afirmar o que vimos e ouvimos» (At 4, 20). Diz Jesus aos Seus discípulos: «Vós sois o sal da terra. Mas se o sal se tornar insípido, com que se salgará? Não serve para mais nada, senão para ser lançado fora e ser pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada no cimo de um monte; nem se acende uma candeia para a colocar debaixo do alqueire, mas no candelabro, pois assim brilha para todos os que estão na casa. Assim brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai que está nos céus» (Mt 5, 13-16).
Quando fazemos uma experiência muito positiva, o resultado de um exame, o encontro com um amigo, ganhar a lotaria… temos urgência e necessidade de extravasar a alegria, partilhando. Para festejar precisamos dos outros. Em momentos de tristeza, isolamo-nos por acharmos que os outros não nos compreendem ou porque não tenhamos predisposição para ouvir ou ver quem quer que seja.
O encontro com Cristo é coisa boa! Ele é a Boa Notícia! Então, se fazemos essa experiência, não podemos senão anunciar, gritar ao mundo, para que outros possam usufruir do mesmo encontro, da mesma descoberta, do mesmo júbilo.
“É o ponto central, o coração do ensinamento de Jesus aos discípulos em ordem à sua missão no mundo. Todos os discípulos serão testemunhas de Jesus, graças ao Espírito Santo que vão receber: será a graça a constituí-los como tais, por todo o lado aonde forem, onde quer que estejam”. O santo padre prossegue, dizendo que “todo o batizado é chamado à missão na Igreja e por mandato da Igreja: por isso a missão realiza-se em conjunto, não individualmente: em comunhão com a comunidade eclesial e não por iniciativa própria. E ainda que alguém, numa situação muito particular, leve avante a missão evangelizadora sozinho, realiza-a e deve realizá-la sempre em comunhão com a Igreja que o enviou”.
Por outro lado, não se trata apenas de dar testemunho, mas de viver a própria missão. “A essência da missão é testemunhar Cristo, isto é, a sua vida, paixão, morte e ressurreição por amor do Pai e da humanidade… a verdadeira testemunha é o «mártir», aquele que dá a vida por Cristo, retribuindo o dom que Ele nos fez de Si mesmo”. O santo Padre cita um dos seus antecessores, são Paulo VI, para sublinhar: «O homem contemporâneo escuta com melhor boa vontade as testemunhas do que os mestres (…) ou então, se escuta os mestres, é porque eles são testemunhas».
O Papa termina com um sonho: “Continuo a sonhar com uma Igreja toda missionária e uma nova estação da ação missionária das comunidades cristãs. E repito o desejo de Moisés para o povo de Deus em caminho: «Quem dera que todo o povo do Senhor profetizasse» (Nm 11, 29). Sim, oxalá todos nós sejamos na Igreja o que já somos em virtude do Batismo: profetas, testemunhas, missionários do Senhor! Com a força do Espírito Santo e até aos extremos confins da terra. Maria, Rainha das Missões, rogai por nós!”