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Os céus rasgaram-se e inundaram a terra de luz

Um meteorito surpreendeu Portugal e Espanha, um pouco antes do dia 18 de maio chegar ao fim. Os que presenciaram, dentro das casas (com janelas abertas) ou no exterior foram inundados de uma grande luz. Nos primeiros minutos, havia a certeza que tinha sido um meteorito a despenhar-se em terras portuguesas, com um possível e hipotético epicentro em Castro Daire. GNR e Bombeiros locais, e comunicação, vasculharam a região, mas não encontraram nem vestígios nem fragmentos.

Um rasto de luz, qualquer coisa a desintegrar-se, e de repente pareceu dia. Algumas pessoas ouviram um tremor ou registaram quebra de comunicações. Uns assustaram-se, outros acharam que eram festejos, ou algum fenómeno apocalíptico, uma invasão de extraterrestres. Só faltou alguém pensar que fosse um míssil russo! Teorias da conspiração também não hão de faltar. De manhã as notícias circulavam muitas imagens e diversas hipóteses, estas esclarecidas, posteriormente, pelos especialistas, que deixaram claro tratar-se de um fenómeno que acontecia muitas vezes, mas nem sempre com esta visibilidade, não suscetível de perigo, a não ser em situações muito específicas. “De acordo com o Instituto de Astrofísica da Andaluzia, com sede em Granada, o objeto entrou na atmosfera a uma velocidade de 161 mil quilómetros por hora (cerca de 45 quilómetros por segundo) e deixou de ser avistado quando ainda estava a 54 quilómetros de altitude. Pelas imagens registadas pelo instituto, ele vaporizou-se quando ainda estava a mais de 50 quilómetros de altitude e não chegou a atingir a superfície terrestre”, (astrofísico Nuno Peixinho à CNN Portugal). “No fundo, o clarão que vimos é precisamente o objeto a vaporizar-se”.

Partimos daqui, sem demagogias, mas podendo olhar para o mundo que nos rodeia, para as maravilhas que todos os dias acontecem e para os acontecimentos, normais ou extraordinários, e deixarmo-nos tocar pela presença de Deus que criou este mundo grandioso e belo.

Em são Mateus encontramos o relato da adoração dos Magos, que partem ao encontro do Rei dos judeus. “Vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-l’O… Eis que a estrela que tinham visto no Oriente, os foi precedendo até chegar ao lugar onde estava o Menino e ali parou” (Mt 2, 1-12). Afirma o nosso Bispo que “muitos astrónomos, historiadores e curiosos se têm esforçado por identificar aquela estrela que despontou e guiou os Magos, apresentando como hipóteses mais viáveis: a) o cometa Halley, que se fez ver em 12-11 a. C.; b) a tríplice conjunção de Júpiter e Saturno na constelação de Peixes, ocorrida em 7 a. C.; c) uma nova ou supernova, visível em 5-4 a. C. Esta última está registada nos observatórios astronómicos chineses”. D. António prossegue, dizendo que “enquanto nós nos ocupamos e distraímos com tantas luzes mais ou menos inúteis e estéreis, «muitos virão do oriente e do ocidente, isto é, de fora, e sentar-se-ão à mesa no Reino dos céus» (Mateus 8,11)”. Mais que os sinais exteriores, há de ser o coração a deixar-se iluminar pela Luz que vem de Deus.

Os Céus rasgam-se e Deus fala-nos. “Depois que Jesus foi batizado… eis que os céus se abriram…” (Mt 3, 16). Por ocasião da Transfiguração… “Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, e conduziu-os a sós a um alto monte. E transfigurou-se diante deles. As suas vestes tornaram-se resplandecentes… e do Céu fez-se ouvir uma voz” (Mc 9, 2ss). Jesus diz aos seus discípulos: “Em verdade, em verdade vos digo, vereis o céu aberto e os anjos subindo e descendo sobre o Filho do homem” (Jo 1, 51). Também o diácono Estêvão vê: “Eis que vejo os céus abertos e o Filho do homem, de pé, à direita de Deus” (Atos 7, 56). Há, no livro do Apocalipse, os sinais que surgirão no Céu…

Bem perto de nós, no tempo e no espaço, o fenómeno do Sol em Fátima! A fé é um dom e os sinais, naturais ou extraordinários, podem ser um móbil para nos lembrarmos de escutar a voz de Deus e nos deixarmos transfigurar pela Luz mais brilhante que o Sol.


Pe. Manuel Gonçalves, in Voz de Lamego, ano 94/27, n.º 4755, de 22 de maio 2024.

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