Deus entregou-se. Na sua totalidade, pureza e fragilidade nas nossas mãos.
Deus tornou-Se num de nós, igual a nós, connosco.
Maria, na sua fé e bondade, acreditou e aceitou o maior desafio de todos, ser mãe, e mãe de todos nós. Foi, é, uma mulher única que carrega ao colo um mundo inteiro, a pedido do seu amado filho, sempre com a paz e o amor que lhe são característicos.
O ato de nos entregarmos a alguém, como fez Deus através de Jesus, e Maria a pedido do Filho, é o maior gesto de amor que podemos encontrar.
Darmo-nos a alguém significa colocarmo-nos à disposição total do outro, alterar as nossas prioridades e preocupações, termos confiança naquele em cujas mãos nos colocamos.
Jesus é o símbolo máximo da entrega, do amor pleno, da confiança. Na sua maior fragilidade deixou-se ser criado por nós, sem contrapartidas, sem truques.
Jesus veio ser Deus visível, em quem os mais céticos podiam ver, ouvir e tocar para acreditar.
Deus podia ter manifestado o seu poder de diversas formas, mas escolheu a forma mais simples, pura e inesperada. Se nos colocarmos naquele tempo, quem de nós acreditaria que aquele Menino, nascido rodeado de animais e sem grandiosidade, poderia ser o Salvador, o Messias?
Os ensinamentos que Jesus nos trouxe, há 2000 anos, ainda hoje são atualizados, pouco evoluímos em questões de humanidade, basta ver como têm sido tratados os refugiados por todo o mundo.
No meio de tantos desejos que pedimos ao Menino, Natal após Natal, este ano em particular, coloquemos no centro das nossas orações todos aqueles que sofrem pela guerra, pelos que resistem e pelos que fogem na tentativa de encontrar a paz, que em cada rosto saibamos encontrar o rosto do Menino, afinal, Deus está em cada um deles: “Ele responderá, então: ‘Em verdade vos digo: Sempre que deixastes de fazer isto a um destes pequeninos, foi a mim que o deixastes de fazer’” (Mt 25,45).
Raquel Assis, in Voz de Lamego, ano 95/7, n.º 4784, de 24 de dezembro de 2024