Estamos a menos de um ano da JMJ 2023. Um pouco por todo o mundo, mas particularmente nas nossas dioceses, acelera-se a preparação, que inicia na oração e reflexão. Antes de chegarmos a agosto, temos mais uma Jornada Mundial da Juventude (JMJ), vivida localmente nas dioceses, na solenidade de Cristo Rei. O Domingo de Ramos era o dia para a JMJ a nível diocesano, agora é no Cristo Rei.
Com data de 15 de agosto, solenidade da Assunção de Nossa Senhora, foi divulgada a mensagem do santo Padre para a JMJ 2022, com a mesma temática da JMJ 2023: Maria “levantou-se e partiu apressadamente” (Lc 1, 39). Logo depois da Anunciação, Nossa Senhora pôs-se a caminho. Uma palavra uniu a temática da JMJ 2020 à JMJ 2021 e agora à de 2022 (também a JMJ 2023): levantar-se! «Jovem, Eu te digo, levanta-te» (cf. Lc 7, 14); no ano passado, a figura de são Paulo a quem Jesus diz: «Levanta-te! Eu te constituo testemunha do que viste» (cf. At 26, 16). A palavra levantar-se significa também ressuscitar, despertar para a vida.
Com efeito, Maria, “é a mulher pascal, num estado permanente de êxodo, de saída de si mesma para o Outro, com letra grande, que é Deus e para os outros, os irmãos e as irmãs, sobretudo os necessitados, como estava então a prima Isabel. Dentro d’Ela, continua o Papa na sua mensagem, traz já o Cordeiro Imolado mas sempre vivo. Levanta-se e põe-se em movimento, porque tem a certeza de que os planos de Deus são o melhor projeto possível para a sua vida. Maria torna-se templo de Deus, imagem da Igreja em caminho, a Igreja que sai e se coloca ao serviço, a Igreja portadora da Boa Nova”.
Este só pode ser o desafio para os jovens, para cada cristão: acordar, levantar-se, ressuscitar, colocar-se em movimento, abrir o coração à presença de Deus, partir ao encontro do outro, especialmente do mais necessitado. Repetidamente, o Papa Francisco tem desafiado os jovens a levantarem-se do sofá e sair ao encontro o outro! A predisposição é, em primeiro lugar, para encontrar o Outro. Essa descoberta e esse encontro, despertar-nos-á para sairmos para levarmos o Outro aos outros. Foi assim com Maria que “reabre para todos e em particular para vós, jovens como Ela, o caminho da proximidade e do encontro… A pressa da jovem mulher de Nazaré é a pressa típica daqueles que receberam dons extraordinários do Senhor e não podem deixar de partilhar, de fazer transbordar a graça imensa que experimentaram. É a pressa de quem sabe colocar as necessidades do outro acima das próprias. Maria é exemplo de jovem que não perde tempo a mendigar a atenção ou a aprovação dos outros – como acontece quando dependemos daquele «gosto» nas redes sociais –, mas move-se para procurar a conexão mais genuína, aquela que provem do encontro, da partilha, do amor e do serviço”.
Os jovens são capazes de gestos extraordinários em prol dos outros, na defesa do ambiente e na luta pela paz. Hoje, como no passado, os jovens podem fazer avançar a história. “Perante uma necessidade concreta e urgente, é preciso agir apressadamente. No mundo, quantas pessoas esperam uma visita de alguém que cuide delas! Quantos idosos, doentes, presos, refugiados precisam do nosso olhar compassivo, da nossa visita, de um irmão ou uma irmã que ultrapasse as barreiras da indiferença!”
O foco na juventude não desfoca nem descentra da atenção aos mais idosos. O Papa tem insistido muito na ligação e na inclusão. “Os jovens são sempre a esperança duma nova unidade para a humanidade fragmentada e dividida. Mas somente se tiverem memória, apenas se escutarem os dramas e os sonhos dos idosos”. Com efeito, sustenta o santo Padre, é a falta de memória, das guerras, particularmente do século XX, que nos colocou em novos conflitos armados, nomeadamente da Rússia contra a Ucrânia. “Há necessidade da aliança entre jovens e idosos, para não esquecer as lições da história, para superar as polarizações e os extremismos deste tempo”.
Pe. Manuel Gonçalves, in Voz de Lamego, ano 92/43, n.º 4674, 21 de setembro de 2022
