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Jubileu do Natal de Jesus

Num tempo longínquo, há, pelo menos, 2024, numa terra que ultimamente tem estado muito presente nos meios de comunicação social, pela guerra entre israelitas e palestinianos, em Belém ou, quem sabe, em Nazaré, nasceu Jesus, o Salvador deste mundo que necessita, também hoje, de redenção. Nas precisões históricas e cronológicas, não sabemos o dia ou o mês em que Jesus nasceu, mas o essencial, para a fé e para a vida, é que Aquele Menino fez descer o Céu à terra, preenchendo-a de vida nova, de eternidade, numa comunhão perfeita entre a divindade e a humanidade. Deus criou-nos por amor e por amor nos chama, constantemente, à vida e a uma vida enformada de bondade e de ternura. A terra tem as marcas de Caim, o sangue que jorra e queima a terra, a vida, a alma de famílias, tribos, nações. A terra clama por justiça e Deus vem, vem pelos profetas e pelos juízes, pelos patriarcas e pelos reis, pelos sacerdotes, pelos acontecimentos e sinais, e, finalmente, vem Ele mesmo, em carne e osso. No sim de Maria, a terra volta a ser, plenamente, agraciada, pois nela Deus faz-Se um de nós. Sem imposições, a salvação opera maravilhas, mas conta com as tuas e as minhas mãos, com os teus e os meus propósitos, com o teu e o meu empenho, com a minha e a tua bondade e ação.

Em 2025, viveremos o Jubileu do nascimento de Jesus.

Maria é paradigma para acolhermos a graça de Deus. Ela deixou-se inundar, totalmente, pelo Espírito do Senhor e colocou-se inteiramente ao serviço da vontade divina: eis a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra. Cumpram-se os teus desígnios de amor e eu seja o que Tu quiseres, o instrumento da Tua presença entre a humanidade. Ela é a cheia de graça!

O Jubileu, multiplicando as graças do ano sabático, faz descansar a terra e devolver a terra aos donos originais – na verdade, a terra pertence a Deus e ninguém é proprietário (definitivo) da mesma – e devolve a liberdade aos que a perderam. É tempo de reconciliação e de recuperação da harmonia e, portanto, da paz, da justiça, da identidade e da igualdade, as leis humanas sujeitam-se à bondade de Deus e aos Seus mandamentos. Ninguém está acima, ninguém está a mais, estamos todos nas mãos de Deus, todos criaturas e, melhor ainda, a caminho de sermos verdadeiramente irmãos.

O sentido a dar ao Jubileu também depende de ti. Depende de mim e de ti. Depende de todos, especialmente dos cristãos. Não nos faltam razões. Razões que se baseiam na esperança, como dom, como virtude teologal, uma esperança que não engana porque se firma em Deus.

Na parte final da sua carta pastoral. D. António Couto convoca-nos a dar razão da nossa esperança, tal como Jesus pede a Pedro para confirmar os irmãos na fé. E é Pedro que nos pede para “dar o pão da esperança ou a razão da esperança que há em nós (cf. 1 Pd 3,15).

Há uns anos ficou célebre um dístico, razão e coração. O nosso Bispo faz-nos circular entre o pão e a razão (lógos). “O pão e a razão são dados concretos, não teóricos e abstratos. A razão não é aqui um terreno intelectual ou um objeto do pensamento, mas uma pessoa: Jesus Cristo. Sim, é Ele a razão, o lógos, «pelo qual tudo foi feito, e sem Ele nada foi feito» (Jo 1,3). Então, Ele habita e enche o universo inteiro e a nossa vida toda. […] Estar prontos a dar a razão da esperança é estar prontos a dar Jesus Cristo… Dar a esperança é dar Jesus. E invoco Maria, Mãe de Deus, no seu belo título de Mãe de Deus, que segura Jesus com uma mão, e com a outra aponta para Ele, que é o Caminho. Mãe de Deus, que indica o Caminho”.

Há Jubileu porque há Natal, haverá Jubileu se houver Jesus, na minha e na tua vida, e na vida do mundo. Santo e feliz Natal.


Pe. Manuel Gonçalves, in Voz de Lamego, ano 95/7, n.º 4784, de 24 de dezembro de 2024

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