Catedral de Notre-Dame de Paris, construção iniciada em 1163 e dedicada à Virgem Maria, romantizada por Victor Hugo em 1831, um ícone da história que assistiu à execução do último grão-mestre templário Jacques de Molay, por ordem do Papa Clemente V, assistiu à coroação de Henrique VI de Inglaterra durante a Guerra dos Cem Anos, à coroação de Napoleão Bonaparte, à Beatificação de Joana d’Arc.
Ao fim da tarde de 15 de abril de 2019, foi possível assistir em todo o mundo a um trágico incêndio que consumiu grande parte do telhado e o pináculo de Eugène Viollet-le-Duc. Quem teve a oportunidade de ser consumido pela sua beleza e imponência, terá ficado em lágrimas perante as chamas.
Mas, tal como previsto na altura pelo Presidente Francês Emmanuel Macron, no passado sábado, 7 de dezembro, pouco mais de 5 anos após o trágico incêndio, a Catedral foi inaugurada e reaberta ao público. Nossa Senhora de Paris renasceu ainda mais bela e mais impressionante e com a Imaculada Conceição a acompanhar.
Emmanuel Macron, no seu discurso, refere que “Todos os gestos foram necessários. Redescobrimos o que as grandes nações podem fazer: realizar o impossível”, espera ainda que se trate de um “choque de esperança”.
Estas poucas palavras representam muito. Quando todos se envolvem em prol de um objetivo comum, nada é impossível. Em apenas cinco anos reergueram parte de um monumento com centenas de anos com ainda mais esplendor, com ainda mais brilho. Olhando para o estado do mundo atual, como a própria Europa e a própria França, vivemos sob cinza, já não vemos qualquer luz e quase não conseguimos respirar. Mas, unidos, é possível renascer, mais e melhor, como pessoas, como nações, como um mundo de paz e amor.
Esta reconstrução é, mais uma vez, um exemplo de resiliência perante as dificuldades que nos assaltam. Mostra-nos que com vontade nada nos impede de levantar, queda após queda, amparados. Agora mais que nunca, as nações precisam de se unir, olhar umas pelas outras, crescer em conjunto. Uma família, uma comunidade, uma nação, tendo bons valores enraizados, bons alicerces, é capaz de resistir e se reerguer dos escombros.
Envolvidos nas palavras enviadas pelo Papa Francisco, peçamos a Deus que este acontecimento “possa constituir um sinal profético da renovação da Igreja na França”, da Igreja no mundo e no coração de cada um de nós.
Raquel Assis, in Voz de Lamego, ano 95/5, n.º 4782, de 11 de dezembro de 2024