No próximo Domingo, 20 de outubro, a Igreja assinala o Dia Mundial das Missões. Para esta jornada, como para outras, o santo Padre propõe-nos uma temática, refletindo connosco. Este ano escolheu uma perícope do Evangelho segundo são Mateus, no qual Jesus utiliza a parábola do banquete nupcial para nos falar do Reino de Deus (cf. Mt 22, 1-14).
O rei prepara um banquete para as bodas do seu filho, envia os servos a chamar os convidados, mas estes não quiseram vir. Então o rei envia-os novamente: «Ide às saídas dos caminhos e convidai para as bodas todos quantos encontrardes» (22, 9).
O repto está lançado. Envio, chamamento e universalidade da missão. Dentro do Sínodo sobre a sinodalidade, que tem como lema «Comunhão, participação, missão», reforça-se este compromisso da participação de todos na evangelização. O “ir” fortalece o compromisso e a comunhão com esta Igreja que é Corpo de Cristo. Quem vai, não vai em nome próprio, isoladamente, vai em nome de Cristo e da Sua Igreja. Se não se sente Igreja, se não se sente corpo, como partiria? Como evangelizaria? Como iria contagiar os que encontraria pelo caminho?
Os servos, diz o Papa, já tinham sido enviados a chamar os convidados, mas novamente são enviados. É esse o compromisso do cristão e da Igreja, não há espaço para parar e desistir, para cruzar os braços, há a “obrigação” de ir apressadamente para comunicar a mensagem de paz, de amor e salvação que Jesus nos dá. A festa do Senhor chama por todos. Não há bilhetes, não há lotação que se esgote, há lugar para mais um, há lugar para todos.
Cada um de nós, como cristão, está envolvido na missão: «Ide e fazei discípulos de todos os povos» (Mt 28, 19), sublinhando o Papa que «hoje o drama da Igreja é que Jesus continua a bater à porta, mas da parte de dentro, para que O deixemos sair! Muitas vezes acabamos por ser uma Igreja (…) que não deixa o Senhor sair, que O retém como ‘propriedade sua’, quando o Senhor veio para a missão e quer que sejamos missionários».
Vamos em conjunto, sínodo, como missionários, convidar: «Vinde às bodas!» (Mt 22, 4). Vamos com o estilo d’Aquele que nos envia, o estilo de Jesus, proclamando “a beleza do amor salvífico de Deus manifestado em Jesus Cristo morto e ressuscitado”, indo “com alegria, magnanimidade, benevolência, que são fruto do Espírito Santo neles (cf. Gal 5, 22); sem imposição, coerção nem proselitismo; mas sempre com proximidade, compaixão e ternura, que refletem o modo de ser e agir de Deus”.
O banquete é a imagem da vida eterna, a salvação final do Reino de Deus, mas também da Eucaristia e quem se abeira da Eucaristia não pode se não abeirar-se dos irmãos.
A palavra “todos”, amplamente difundida na JMJ 2023, volta a ser destacada pelo santo Padre. Os destinatários da missão são todos, sem exceção. “A parábola do banquete diz-nos que, seguindo a recomendação do rei, os servos reuniram «todos aqueles que encontraram, maus e bons» (Mt 22, 10). Além disso, os convidados especiais do rei são precisamente «os pobres, os estropiados, os cegos e os coxos» (Lc 14, 21), isto é, os últimos e os marginalizados da sociedade”.
A missão para todos requer o empenho de todos.
Por fim, convida-nos o Papa, “voltemos o olhar para Maria, que obteve de Jesus o primeiro milagre precisamente numa festa de núpcias, em Caná da Galileia (cf. Jo 2, 1-12). O Senhor ofereceu aos noivos e a todos os convidados a abundância do vinho novo, sinal antecipado do banquete nupcial que Deus prepara para todos no fim dos tempos. Também hoje peçamos a sua intercessão materna para a missão evangelizadora dos discípulos de Cristo. Com o júbilo e a solicitude da nossa Mãe, com a força da ternura e do carinho, saiamos e levemos a todos o convite do Rei Salvador”.
Pe. Manuel Gonçalves, in Voz de Lamego, ano 94/46, n.º 4774, de 16 de outubro de 2024.