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Entrevista com o deputado Hugo Maravilha

Hugo Maravilha, advogado de profissão, casado, foi eleito há um ano e meio deputado pelo PSD para a Assembleia da República. Nascido em 1981, na freguesia de Cambres, frequentou o Colégio de Lamego e a Escola Secundária Latino Coelho. Aos 18 anos iniciou os seus estudos de Direito, em Coimbra. Regressou a Lamego, cinco anos depois. Desde então, desempenhou vários cargos de confiança política e partidária. O desafio maior chegou o ano passado quando aceitou integrar as listas do PSD pelo círculo eleitoral de Viseu, nas Eleições Legislativas que deram uma maioria absoluta ao PS de António Costa. Tem sido nesta conjuntura que Hugo Maravilha tem desenvolvido a sua ação no Parlamento, onde integra a Comissão do Trabalho e Segurança Social, a Comissão de Saúde e a Comissão de Agricultura.

Faz um ano e meio ano que foi eleito deputado para a Assembleia da República. Qual tem sido o maior desafio que tem enfrentado desde que assumiu essas funções?

Um ano após as eleições legislativas os desafios são múltiplos. A cada um de nós, eleitos democraticamente, foi-nos concedido o espaço para denunciar os problemas, escrutinar o Governo, a par de trabalhar activamente naquelas que consideramos ser as melhores soluções para os problemas reais do país e que contribuam verdadeiramente para a melhoria das condições de vida dos portugueses.

Foi eleito pelo círculo eleitoral de Viseu, sendo do concelho de Lamego, podemos dizer que os interesses das populações da nossa região têm sido muitas vezes defendidos por si?

Uma vez eleitos, representamos todos os portugueses, mas não deixa de ser verdade que existe uma ligação com o círculo eleitoral pelo qual fomos eleitos e, no meu caso, com o Distrito de Viseu e, claro está, com o concelho de Lamego.

No entanto, ao longo destes 15 meses, tenho abordado temas nacionais, como o caso da gratuitidade das creches, as dificuldades financeiras das IPSS´s; estive inserido no Grupo de Trabalho de reparação de danos emergentes de acidentes de trabalho dos praticantes desportivos e alertei para a justa luta dos Oficiais de justiça; a nível regional, defendi a necessidade de requalificação da EN225 que liga Castro Daire a Arouca e da EN222 que liga Cinfães ao Porto, a reabertura da linha do douro (pocinho -barca d’alva); questionei a ministra da agricultura sobre o Plano Nacional de regadio nos concelhos de Lamego, Armamar, Tarouca e Moimenta da Beira e alertei, a devido tempo, para o impacto do aumento generalizado dos preços nos projectos de investimento agrícola; por fim, a nível local, questionei incessantemente os ministros sobre a certificação do heliporto de Lamego, alertei para a necessidade de obras na esquadra da PSP de Lamego e para a urgência na construção de um novo centro de saúde.

As suas intervenções e interpelações aos Ministros, tiveram os resultados esperados?

Digamos que, em algumas delas, o resultado foi óptimo. No que diz respeito à gratuitidade das creches, conseguimos algumas alterações que em muito beneficiaram os portugueses. A nível regional, foi aprovada requalificação da estrada que liga Castro Daire a Arouca e, a nível local, a certificação do heliporto de Lamego está feita, as obras na esquadra da PSP foram aprovadas e a construção do novo centro de saúde de Lamego foi recentemente anunciada pela Ministra da Coesão.

Há alguma questão que ainda não tenha tido oportunidade de colocar ?

Procuro estar atento às questões e próximo das pessoas, das suas inquietações. É essencial ouvir as pessoas, os autarcas, as empresas, as associações e colectividades…. Em consequência, e sempre que possível, levo as questões ao conhecimento do parlamento.

Posso adiantar que estou, neste momento, a trabalhar na elaboração de um projecto de resolução que recomenda ao Governo a construção do IC 26. É uma estrada reivindicada há décadas pelos autarcas da região, em nome das populações e de todas as suas forças vivas. Ela desencravaria, em definitivo, toda esta sub-região de Amarante a Trancoso, passando por Moimenta da Beira, Sernancelhe, Tarouca e Lamego, entre outros municípios.

Também no parlamento, foi votada a lei da Eutanásia. Os deputados não estavam vinculados à disciplina de voto, ou seja, votavam de acordo com a sua consciência. Qual foi o seu sentido de voto?

Votei CONTRA e com declaração de voto escrita. Entendo que o recurso à eutanásia pode representar uma demissão e uma desresponsabilização da sociedade na forma de ajudar os que sofrem, empurrando as pessoas em condição particularmente vulnerável para a decisão extrema de pedirem para pôr termo à sua vida como a melhor forma de evitarem a angústia do sofrimento que é evitável. Quando os defensores da morte medicamente assistida apregoam dar mais dignidade na morte, evitando assim o sofrimento, esquecem-se que hoje existem meios que, acionados, podem ajudar e atenuar a dor, seja ela física ou psíquica. E se é de dor que falamos, então uma aposta séria, sem tabus nem preconceitos, no Serviço Nacional de Saúde, pode ser um caminho exigido por essa mesma sociedade que se preocupa. Uma aposta nos cuidados paliativos, como resposta, por exemplo, ao tratamento de doenças terminais, era um passo sério e consolidado a dar com responsabilidade.

Se daqui por ano fizermos um novo balanço do seu trabalho na Assembleia da República o que é que gostava de me dizer?

Que o trabalho desenvolvido tivesse contribuído para uma efetiva melhoria da condição de vida das pessoas, pelo menos, em algumas áreas. É este o propósito da política e da atividade parlamentar.

in Voz de Lamego, ano 93/32, n.º 4712, 28 de junho 2023

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