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Editorial: Rezai pela paz, todos os dias

A 13 de maio de 2017, a primeira aparição de Nossa Senhora aos três pastorinhos concluía com este pedido: «Rezem o Terço todos os dias, para alcançarem a paz para o mundo e o fim da guerra».

É um pedido que faz sentido em todos os momentos da história. Na atualidade, ainda que o foco seja a agressão bárbara, injusta e terrorista da Rússia contra a Ucrânia e as suas gentes, há outras manchas de guerra e de conflito a minar a vida humana e a convivência saudável e harmoniosa entre pessoas e povos.

O santo Padre tem reforçado o apelo à paz, a gestos concretos, na procura de soluções dignas, pacíficas, respeitadoras dos direitos elementares de crianças, mulheres, idosos, das populações. A guerra acentua clivagens e promove a fome, multiplicando as injustiças e a sede de vingança, as retaliações.

Após a oração “Regina Coeli” (substitui a oração do Angelus durante o tempo de Páscoa), no primeiro Domingo de maio, o Papa Francisco voltou a direcionar as nossas orações: “Neste mês de maio, rezemos o Rosário, pedindo à Virgem Santa o dom da paz, em particular pela martirizada Ucrânia. Que os responsáveis das nações possam ouvir o desejo das pessoas que sofrem e querem a paz”. O Papa recordou que no dia seguinte, segunda-feira, se realiza, no Santuário de Pompeia (Itália), o momento anual de “Súplica de Nossa Senhora do Rosário”.

A oração predispõe-nos para a escuta, dilata o nosso coração, impele-nos a gestos concretos para instaurar a paz, em nós, na família, no ambiente em que nos encontramos, alargando a círculos mais extensos em que nos inserimos, comunidade, região, país. Rezamos para que Deus, por intercessão da Virgem santa Maria, inspire os corações, principalmente, daqueles que usam a inteligência para o mal, para a violência gratuita, para a guerra, procurando dessa forma impor-se aos demais, dominando-os.

Na sua viagem apostólica à Hungria, no primeiro discurso, não esqueceu a guerra e o fracasso dos esforços de paz. “A Europa constituiu, juntamente com as Nações Unidas, a grande esperança para o objetivo comum de um vínculo mais estreito entre as nações que evitasse novos conflitos. Infelizmente não foi assim. E, todavia, no mundo em que vivemos, a paixão pela política comunitária e pelo multilateralismo parece não passar duma linda recordação do passado: parece-nos assistir ao triste ocaso do sonho coral de paz, enquanto avançam os solistas da guerra. A nível internacional, parece até que a política se proponha como efeito inflamar os ânimos em vez de resolver os problemas, esquecendo a maturidade alcançada depois dos horrores da guerra e regredindo para uma espécie de infantilismo bélico. Ora a paz não virá jamais da prossecução dos próprios interesses estratégicos, mas de políticas capazes de olhar ao conjunto, ao desenvolvimento de todos: atentas às pessoas, aos pobres e ao amanhã; e não apenas ao poder, aos lucros e às oportunidades do presente… Nesta fase histórica, os perigos são muitos; mas eu pergunto-me, pensando também na martirizada Ucrânia, onde estão os esforços criativos de paz?”

Na terceira aparição, a Senhora vinda do Céu, voltou a pedir: «Quero que venham aqui no dia 13 do mês que vem, que continuem a rezar o Terço todos os dias, em honra de Nossa Senhora do Rosário, para obter a paz do mundo e o fim da guerra, porque só Ela lhes poderá valer». Em setembro, pedido semelhante: «Continuem a rezar o Terço a Nossa Senhora do Rosário, todos os dias, [que abrande ela a guerra] para alcançarem o fim da guerra».

Rezemos pela paz e façamos o que está ao nosso alcance para criar um ambiente saudável de harmonia e paz, diálogo e entreajuda, de justiça e cuidado.


Pe. Manuel Gonçalves, in Voz de Lamego, ano 93/25, n.º 4705, 10 de maio 2023

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