Ser Mulher na Atualidade: Reflexões e o Exemplo de Maria
No dia 8 de março, celebramos o Dia Internacional da Mulher, uma data dedicada à luta contínua por igualdade, reconhecimento e respeito. A origem desta comemoração remonta ao início do século XX, marcada por manifestações de mulheres que reivindicavam melhores condições de trabalho e direitos sociais. Em 1910, durante a Segunda Conferência Internacional das Mulheres Socialistas em Copenhaga, foi proposto a criação de um dia anual para promover a igualdade de direitos, incluindo o sufrágio feminino.
Ser mulher na atualidade é navegar por um mundo de conquistas e desafios. Embora tenhamos avançado significativamente em áreas como educação, mercado de trabalho e direitos civis, ainda enfrentamos desigualdades salariais, violência de género e sub-representação em posições de liderança. A mulher moderna desempenha múltiplos papéis: profissional, mãe, filha, líder e cuidadora, equilibrando expectativas sociais e pessoais.
A literatura sempre foi um espelho das nuances da condição feminina. Poetas como Victor Hugo e Florbela Espanca capturaram a essência da mulher em suas obras. No poema “O Homem e a Mulher”, Hugo destaca a complementaridade entre os géneros, enfatizando a força e a ternura inerentes a cada um. Já Florbela, em “Mulher”, exalta a profundidade emocional e a complexidade da alma feminina, celebrando sua capacidade de amar e sofrer intensamente.
Nossa Senhora, Maria de Nazaré, teve um papel fundamental no ministério de Jesus Cristo, desde a conceção até os momentos finais de sua missão terrena. A sua presença constante e o seu exemplo de fé e dedicação oferecem um modelo inestimável para todas as mulheres e mães cristãs.
Um episódio marcante que ilustra a influência de Maria no início do ministério público de Jesus é o relato das Bodas de Caná. Maria, que demonstra a confiança na capacidade de seu Filho, pelo que orientou os serventes: “Fazei tudo o que ele vos disser (Jo, 2, 5)”. Este ato de intercessão resultou no primeiro milagre público de Jesus, a transformação da água em vinho, manifestando a sua glória e fortalecendo a fé dos seus discípulos.
Maria é frequentemente exaltada como o arquétipo da mulher e mãe cristã. A sua humildade, obediência à vontade de Deus e profundo amor maternal são qualidades que inspiram fiéis ao longo dos séculos. Desde o “sim” na Anunciação até sua presença silenciosa aos pés da cruz, Maria exemplifica a entrega total à missão divina e o cuidado amoroso por seu Filho.
Para marcar este dia, a Paróquia de São Bento da Meda decidiu celebrar uma Eucaristia em homenagem à Mulher, em que a igreja se encheu de crianças, de jovens, de adultos e de idosos que comungam o facto de “ser mulher” e foram as senhoras que, para lá da ornamentação da igreja e do cenário em frente ao altar, desempenharam os vários ministérios litúrgicos de acólitos, leitores e cantores. A imagem de Nossa Senhora de Fátima disposta, de uma forma muito simples em frente ao altar da celebração, de mãos colocadas em oração, foi o cenário adequado para refletimos sobre o papel de Maria, não apenas como a Mãe de Jesus, mas também como uma figura central que influenciou e apoiou o ministério do Seu Filho, através da presença e da oração. A intercessão de Maria em Caná e a sua presença constante ao lado de Jesus ressaltam a importância da fé ativa e da confiança inabalável em Deus por parte de Nossa Senhora.
No final da eucaristia houve a oferta de um simples poema a todas as mulheres.
Que todas as mulheres e mães encontrem em Maria um exemplo de coragem, de fé e de dedicação, inspirando-se na sua vida para enfrentar os desafios contemporâneos com esperança e amor.
Neste Dia Internacional da Mulher, celebramos as conquistas alcançadas e renovamos o nosso compromisso com a igualdade de género, lembrando que a verdadeira homenagem reside em ações concretas que promovam respeito, dignidade e oportunidades iguais para todas as mulheres.
Ana Paula Barros, in Voz de Lamego, ano 95/17, n.º 4794, de 12 de março de 2025