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Cinco anos depois do falecimento de D. António Francisco dos Santos

 1 – Foi em 2017.           

Um lustro. Cinco anos. O tempo.

Lustro é também brilho, esplendor e luz.

A mistura do tempo, do brilho e da luz dão memória.

Memória é o que devemos avivar, ter e manter.

Às vezes   o tempo faz distância.

Outras vezes, quase sempre, o tempo faz caminho.

É este caminho de cinco anos simbólicos que hoje evoco.

Caminhada que começou com a sua entrega plena =In Manus Tuas= e terminou em Fátima na capelinha das Aparições.

Em Fátima entregou e consagrou a diocese do Porto e o seu povo no regaço acolhedor da «Mãe».

«Mãe» que visitou pela 1.ª vez em 13 de maio de 1967 e, graça, fado ou destino, 50 anos depois, exatos, em 9 de setembro de 2017, aí voltou, mais uma vez.

Foi lá que terminou o caminho da sua viagem.

Sem pai, sem mãe, sem irmãos, mas rodeado do seu numeroso clero, é no Altar de Fátima e do mundo que tem a glória de ter e ver a diocese em peregrinação memorável (quase 80.000) a rezar em hinos e cânticos de louvor.

Peregrinação dinâmica da fé, da união, da Bondade, da alegria, do sorriso e da esperança.

Eu e minha casa estávamos lá. Felizes. O dia pareceu pequeno.

É nesse dia, já ao fugir do sol, na capela das Aparições, que faz  o ofertório emotivo do seu povo à  «Mãe» de todos .

Regressou ao Porto. Era sábado… E partiu mal o domingo acabou; era madrugada de segunda feira dia 11.

2 – A viagem não acabou.

Novo caminho começou. Começamos. Este «Caminhando com D. António» vive e cresce há 5 anos. Em cada dia encontramos uma virtude diferente a imitar, uma bondade nova a viver, uma rua nova onde passar e por onde, certamente, já passou, em vida ou em sombra «este homem de memória agradecida (…) que soube esquecer-se de si para ser próximo de todos».

Há também um «caminho» de reflexão a fazer sobre um homem, um pastor, um irmão e também uma análise meditada sobre tudo o que foi dito em momentos desinibidos em que o sentimento e a verdade vieram à tona da comunicação.

A Igreja  e todos ganhamos, se não  deixarmos resvalar para o limbo do esquecimento «a primavera» da mudança, da proximidade, da realidade, da Bondade e da verdade da sua vida e da sua pastoral.

Ouçamos de novo a sua voz, em Fátima, no dia 9 de setembro: «o caminho pastoral não se encerra em nenhum lugar e a nossa missão não termina aqui nem agora. Este é, apenas, o início de uma nova etapa de caminho nos desafios por Deus semeados no íntimo da vida de cada um de nós (…) que nos dizem que há por toda a diocese dinamismo e vigor, iniciativa e propostas de uma fé professada, celebrada, viva, testemunhada e anunciada com alegria» (…) porque «a alegria do Evangelho é a nossa missão».

3 – Eu creio na «Comunhão dos Santos», na partilha espiritual de todos na soma do bem que todos fazemos e acredito também no valor das «graças» já através dele obtidas e ainda caladas:

– é aquela mãe, omito o nome, que me diz «a minha filha, foi ele que a salvou»;

– é aquele outro, longamente vivido: «o covid passou-me ao lado e foi a ele que rezei»;

– é também este (e é padre): «agora não rezo nem peço a outro santo; é a ele»;

– e ainda esta quase oração publicada por um agente ativo da nossa comunidade:

«que a ternura do seu olhar (…) ilumine os nossos passos».

O seu tempo que culminou numa verdadeira «Oferta de Vida» teve momentos de verdadeira premonição que ilustro somente com uma frase de D. António na sua homília em 19 de julho de 2014- na festa do Pe. Américo, fundador do Gaiato- Obra da Rua, cedo também levado para o Pai quando os seus tantos dele esperavam:

«Partiu cedo demais (…) deixando órfãos os seus filhos espirituais.  São desígnios insondáveis da Providência.

Pertence-nos implorar de Deus a sua beatificação e canonização para que a sua graça e a sua bênção se afirmem mais claramente em nós e na sua vida e missão encontremos o exemplo a seguir».

Eu não sei ler bem estas letras nem interpretar estas palavras, mas isto tem um sabor a mensagem vinda de «muito Longe e muito Alto…».

4 – Ao 5º ano agora passado, já não é ousadia, repetir e transcrever o que disse, à Igreja como tal e aos leigos como irmãos, no dia 8 de dezembro de 2017, em Aveiro, na apresentação do livro- «In Manus Tuas» o Pe. Francisco Melo:

«…. Convivemos com um santo.  Rezo para que as dioceses de Lamego, Aveiro e Porto iniciem, quanto antes, o processo para que tal possa ser confirmado pela Igreja Universal».

…Que assim seja!


Adão Sequeira, in Voz de Lamego, ano 92/41, n.º 4672, 7 de setembro de 2022

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