Adão e Eva tinham chegado a um lugar encantador, a que deram o nome de paraíso. Puxa o filme atrás…
Vamos mudar esta história?
Os pequenos Adão e Eva tinham chegado à “Terra de Emoções” em cima de um dragão inundado de cor, de dimensão pequena, que faz adivinhar a sua juventude, cabeça vermelha, asas verdes com uma característica muito desafiante: nunca tinha lançado fogo pela própria boca.
Olharam para esta bela paisagem, única, com vistas que mais pareciam janelas para o mundo.
– Este AR fresco e único, enche-me os pulmões de alegria, diz Eva cheia de vida, saindo da pedra da fertilidade, onde o dragão Gojim tinha estacionado, e saltando sem parar. Enquanto Adão ainda se espreguiçava.
– MMMMMMM – dizia Adão de olhos fechado enquanto sentia o aroma do lugar.
– Terra para AMAR. respondia Eva!
– Concordo contigo. Vamos correr! Conhecer! Viver! Brincar.
Calma! A história, ainda agora começou…
Os dois corriam, como fazem os miúdos, cheios de energia. Os olhos brilhavam encantados pelo verde à sua volta e pelo rio que deslumbrava lá ao fundo.
– AR MMMMA MAR é o nome que vamos dar a este nosso paraíso. Disse Adão.
Depois de muito caminharem, conseguiram perceber que não havia ninguém pelas redondezas. Plantas, flores, sossego, solo cheio de granito e bastante plano e um aroma fresco a maçã.
As roupas de Adão eram feitas das plantas e folhas que poderiam encontrar pela frente. Eva gostava de usar uma flor na orelha esquerda para se sentir em total conexão com a natureza. Mas, de forma misteriosa, estava a sentir que na “Terra de Emoções” algo se passava.
– Adão, estou a sentir que a flor mudou de cor, achas normal? Diz ela, olhando para o canto superior esquerdo com aqueles olhos castanhos e aquelas pestanas longas.
– Nunca tinha acontecido antes! Disse Adão pensativo!
– Há pouco eu estava a correr e ela estava em tons de rosa. E, agora que estou apreensiva, ficou amarelada.
– Estou es-tu-pe-fa-cto! Soletrou o menino e completou: isso é caso para analisar.
Um bando de pássaros passa naquele momento. E deixou os meninos colados ao céu.
Um sardão pousa no ombro direito de Adão.
– Olá sou o misarelas. Aqui todos me tratam por sardão encantado…
Eva olhou fixamente as cores do sardão e a flor começou a mudar de cor…
– Aí nossa senhora, que coisa mais verde, com patas, diria, hmmm, assustadoras. Disse Eva, nervosa.
Nada disso! Eu vou ajudar a encontrar tudo o que precisam. Diz o sardão no ombro do pequeno Adão, que ainda não se tinha mexido.
– Claaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaro, (cheio de medo) gritou o menino. Poderias apenas ir para o chão.
– Ah não, estou com um problema numa das minhas patas e uma boleia no teu ombro vem mesmo a calhar.
– Oh não… Pois, sim. Claro que sim. Respondeu Adão aos saltimbancos.
Eva queria rir, mas segurou-se. A flor estava cheia de cores intensas.
– Prevejo entre vós uma bela amizade. Diz a Eva.
– Com certeza. Acena e diz o sardão.
Bem, começaram a explorar o Paraíso. E o sardão foi indicando os lugares por onde deveriam passar, à boleia do dragão. Adão ia agarrado ao pescoço do animal voador, Eva deslumbrada com a paisagem, com os socalcos, com o rio e com as montanhas.
Pararam junto a uma terra que cheirava tão bem…
– Sabem onde estão? Diz uma voz feminina!
– Quem está a falar? Dizia Eva, enquanto o dragão estacionava e sacudia Adão e Misarelas.
– Sou eu, aqui, saltou a Abelha Rainha.
– Adão… é uma abelha! Diz Eva a gaguejar.
– Eu sei…. (Olhando para o sardão com medo da sua própria reação).
– Sabem ou não sabem? Diz a abelha num tom já irritado pela espera…. Sabem onde estão?
(A flor de Eva muda para um tom avermelhado, enquanto ela tentava falar).
– Hmmm. Ora bem. Estamos na terra de emoções. Diz Eva a medo.
– Verdade verdadinha! Grito, eu Abelha Rainha, e depois de vos tirar este pano da frente, ides ver um cenário único. Digno dos melhores filmes de cinema.
Ela bate duas palmas: pum, pum! As abelhas tiram o enorme pano da frente e enquanto sobrevoam os céus, os miúdos e o dragão ficam de queixo caído. Milhões de flores, com aroma a maçã, até perder de vista. Era um cenário digno do verdadeiro paraíso.
– Uau. Tanta cor. A minha flor até está a ganhar mais tamanho e cor de rosa e vermelho e branco…
– Nuna vi nada igual, diz Adão.
Abelha Rainha estava orgulhosa pela admiração que os visitantes sentiam ao olhar para as macieiras em flor. E grita:
– Trabalho de polonização! Encanto, amor e muita dedicação.
O dragão estava mudo. Estava encantado. Perplexo, atarantado com tamanha beleza.
Quanto ao sardão, não se admirou, pois já conhecia as belas paisagens.
– Isso significa que daqui a um tempo desta flor brota o fruto, certo? Pelo menos era assim que nos explicavam na minha ilha, a Dragalândia.
– É verdade! Rodopiava a abelha rainha. Sim. Daqui a nada teremos a melhor, a mais saborosa, a colorida maçã de montanha.
– E quem é que trabalha, tanto, para que tudo isto seja possível? Pergunta Adão.
– Vou convidar-vos para uma refeição nos belos potes de mel e saberão quem é a nossa verdadeira ajuda. Responde a abelha.
Lá foram por entre as macieiras até uma gruta que ficava ao lado de uma bela cascata. Lá dentro havia tochas que iluminavam os corredores. E dentro dessa mesma gruta estavam muitas, mas mesmo muitas, formigas gigantes.
O Dinossauro esfregou os olhos, pois pensara ter adormecido pelo caminho.
Adão e Eva olhavam cheios de receio do que lhes poderia acontecer. A flor de Eva não parava um segundo, estava inquieta e um pouco cinzenta.
Já o sardão puxou a cara de Adão e disse:
– Se não fossem elas, estas gigantes formigas trabalhadoras, não havia beleza no paraíso.
Entretanto, ouvem-se duas badaladas de sino “dlim, dlam”.
A Abelha Rainha grita:
– Hora da festa! Este sino, que ouviram, foi resgatado pelas formigas do poço da doma e, agora, é nosso.
O Dinossauro diz: Saiam da frente! Que eu cá, sou DJ. Pôs os fones verdes e começou a abanar o corpinho. Sacou de uns discos e as formigas começaram a curtir o som.
Eva estava mais descontraía e a flor ia ficando em tons rosa, azul, verde e amarelo, sempre a mudar.
Já Adão e o sardão sentaram-se a admirar toda aquela alegria. Brindaram com um favo de mel.
– Quando começar a apanha da maçã, tu vais ver como elas trabalham, bem… diz, o sardão.
– Acredito. Eu cá sou bem capaz de ajudar… a comer! (gargalhou).
(Serão mesmo as mais belas e saborosas maçãs, pensou ele, com os seus botões).
A festa continuava…
A noite caiu. A lua cheia estava bem lá no céu. O barulho da música não fazia prever nenhuma tragédia. Mas de repente, o Lobisomem, que dizem descer às vezes da serra, estava na entrada da gruta. Oh, não!
O Dragão olhou aquela figura estranha e parou a música… Depois, pediu com a cabeça para se alargar um corredorzinho e foi diretamente ao nariz do lobisomem e perguntou?
– Queres problemas?
– O lobisomem riu à cara podre.
Não gostando da troça que o intruso fez, viu-se obrigado a puxar pelos pulmões e garganta. Por três vezes saiu um som rouco da sua garganta e o lobisomem não parava de rir, mantendo um olhar ameaçador….
Enquanto Eva tremia, a flor amarelava, Adão escondia-se atrás do pote de mel e o sardão fingia-se de morto.
Gojim olhou e gritou: Estás feito!
Enquanto as suas pernas tremiam de medo, o dragão miúdo puxou o oxigénio com tanta força para os seus pulmões que, quando soltou o dióxido de carbono, a chama de fogo saiu pela primeira vez. O lobisomem correu a alta velocidade, conseguiu subir nos ares como foguetão e agarrar-se à Lua, fazendo: AUUU….
As formigas gigantes ficaram tão felizes que pediram ao Dragão mais música. E Gojim dizia: Comigo estão sempre seguros!
As maçãs foram aparecendo, as cores foram mudando e Adão e Eva estavam fascinados. O sardão não largou o ombro do menino e o dragão passou a ser admirado por todas as formigas gigantes.
A época das maçãs foi a mais emocionante para todos. Adão não conseguia parar de as comer.
E Eva perguntava ao caracol que passava: Vai uma maçãzinha?
Um verdadeiro encanto na Terra de Emoções!
Andreia Gonçalves e Thiago Noah, in Voz de Lamego, ano 93/28, n.º 4708, 31 de maio 2023