Era uma vez …
… os avós saíram para fazer compras num qualquer espaço comercial. Comprar aquilo que se tornava essencial para o bem-estar pessoal e apreciar o colorido e exposição de artigos alusivos à época festiva que se aproximava. Como era tempo de férias, os avós convidaram o neto mais “grandinho” que prontamente se disponibilizou para acompanhá-los. E lá foram os avós e o neto, cinco aninhos de muita atividade e expediente…
Chegados ao local previamente escolhido, a avó deu-se conta que não levava os óculos, o que muita falta lhe iriam fazer para ver artigos, preços e outros pormenores …
Ao comentar para o avô o esquecimento, o neto ouviu e numa resposta expedita comentou: “não faz mal, avó, eu ajudo-te!”
A avó, com alguma tristeza, respondeu-lhe: “… tu ainda és pequenino, não sabes ler as inscrições e outras etiquetas”.
Ao ouvir este diálogo, o avô descolou um pouco dos dois, para apreciar o desenvolvimento da conversa ora iniciada …
O menino ainda não andava na escola, mas já sabia as letras e os algarismos, pelo que se sentia confiante e capaz de ajudar a avó. Era uma forma de mostrar a sua capacidade …
Na primeira oportunidade que surgiu, a avó pegou numa peça de vestuário e, não conseguindo ler a etiqueta, deu ao neto para ler. E o menino leu direitinho, para a avó, o que lá estava: “avó, é um M, um 1, e um 3”. Como resposta a avó comentou: “não pode ser, ou é uma letra ou algarismo!”
E o neto voltou a repetir o mesmo: “avó, é um M, um 1, e um 3!” Neste impasse, e não confiante, a avó chamou o avô para ler a etiqueta. Como não podia deixar de ser, o avô repetiu o que o neto já tinha informado “M,1,3”.
Atento e vivaço, o neto logo acrescentou radiante e feliz: “vês, avó, não acreditaste em mim!” Nesse instante o avô reagiu em defesa do neto, elogiando-o, muito embora ainda não andasse na escola já sabia ajudar a avó! Ao que ele ficou muito “vaidoso” e feliz, pelo momento que teve para demonstrar os seus conhecimentos.
As compras continuaram e em mais uma ou outra situação o neto ajudou a avó, substituindo-se aos óculos. Entretanto, em conversa privada com a avó, o avô sugeriu, sem o menino se aperceber, dar-lhe uma prenda pela prestimosa colaboração que deu à avó. Para o efeito, passaram pelo lugar dos brinquedos onde o avô, em jeito de brincadeira, propôs que cada um dos três apontasse uma prenda que gostaria de ter para o Natal. Estava em jogo, apenas, a escolha do neto, da qual tomaram nota … E os três regressaram a casa muito felizes!
Seria no Natal que aconteceu a surpresa, e a reação do neto àquilo que os avós lhe prepararam. Na distribuição dos presentes do Pai Natal, chegou a sua vez e foi com muita surpresa e alegria que o menino ficou feliz pelo presente que tinha escolhido naquela tarde em que acompanhou os avós!
Para sempre lhes ficou gravado o dia em que “a avó não levou os óculos”!
(Conto inspirado no “Manual da Vida”. Qualquer semelhança com a realidade é pura suposição!)
A TODOS, VOTOS de FELIZ NATAL!
João Duarte Rebelo “Festa”, in Voz de Lamego, ano 94/07, n.º 4735, de 20 de dezembro de 2023.