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A relevância do que não se expõe

Nem tudo o que sobressai é o mais importante. Muitas vezes, é nos pequenos detalhes, naquelas aparentes insignificâncias, que se encontram pedras fundamentais.

São José parece ter, numa primeira impressão, um papel redutor na história da Igreja, no entanto, facilmente podemos identificar, em cada gesto seu, uma base para a fé cristã e para a nossa vida.

São José foi aquele que soube manter o seu coração sereno, soube acreditar e confiar. Na sua fidelidade, simplicidade e humildade, protegeu e criou Jesus.

São José deve ser para nós um modelo a seguir: a sua paz no meio da tormenta, a sua fé inabalável, a sua sabedoria na transmissão de ensinamentos de vida ao filho, o seu trabalho árduo para sustentar a família, homem de poucas palavras, mas sábio nos gestos e na escuta, grato pela vida.

Quantas vezes queremos ser vistos e admirados? Quantas vezes tentamos sair da escuridão, viver na ribalta? Quantas vezes nos revoltamos por aquilo que é a nossa vida, por aquilo que somos? Quantas vezes desejamos ser e ter aquilo que outros são ou têm?

São José soube reconhecer o seu lugar, soube proceder como Deus lhe indicara, nunca tentou sobressair, nunca exigiu agradecimentos ou reconhecimentos, sofreu com fé e viveu com esperança.

Para sermos verdadeiramente felizes, para nos sentirmos ‘cheios’, para ajudarmos o próximo, não necessitamos de estar numa montra à vista de quem passa. Deus vê quem está oculto nas sombras, sente connosco aquilo que ninguém se apercebe, dá aquilo que, verdadeiramente, precisamos sem termos de pedir.

Facilmente nos esquecemos que Deus está sempre aqui, ao nosso lado.

Que São José nos ajude e entender que, mesmo no silêncio e na sombra, Deus tem sempre uma luz para nos guiar, que é a fé que nos deve orientar as ações e que é Deus que nos dará a recompensa por aquilo que soubermos dar e fazer sem esperar nada em troca.


Raquel Assis, in Voz de Lamego, ano 95/18, n.º 4795, de 19 de março de 2025

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