HomePessoasÀ conversa com o Padre Tiago Machado
PessoasReligião

À conversa com o Padre Tiago Machado

Ordenado sacerdote, no passado dia 2 de julho, assumiu, entretanto, no primeiro fim de semana de setembro, a paroquialidade de Chavães, Arcos, Paradela e Granjinha, com responsabilidade pastoral da povoação de Cabriz, na paróquia de Sendim.

Natural de Lisboa, onde nasceu e viveu grande parte da vida. O contacto com a diocese de Lamego deu-se nas vindimas e na apanha da fruta, durante o verão, em algumas localidades da diocese. Vamos conhecer um pouco melhor a vida e o percurso do jovem sacerdote.

É proveniente de uma família católica?

Sou proveniente de uma família com vários familiares católicos. Tenho uma avó – a última que está viva – que sempre se dedicou muito à comunidade paroquial a que pertencia e que foi um grande exemplo de vida cristã.

A sua família influenciou-o nesta escolha?

De alguma maneira, todas as circunstâncias da vida influenciam nesta escolha. No entanto, é importante ter em conta que a escolha de ser sacerdote não é minha, mas sim de Deus. Na parte que me toca, apenas escolhi aceitar a vontade de Deus para mim (tento podido escolher não aceitar).

Nesta perspetiva, a família influenciou indiretamente através da educação que me deu. No entanto, não influenciou diretamente a escolha de aceitar a vontade de Deus porque, na altura, já vivia de forma bastante independente a vários níveis, incluindo a nível espiritual.

Como foi a sua infância?

Nasci e cresci na chamada grande Lisboa. A minha infância foi passada entre Loures e Mafra, onde habitei, e a zona de Telheiras e do Campo Grande, onde estudei até acabar o ensino secundário. Durante esse período também frequentava um clube juvenil onde fazíamos muitas excursões e acampamentos e onde recebíamos formação cristã. Guardo desses tempos ótimas memórias e grande amigos, alguns dos quais estiveram presentes na minha ordenação sacerdotal.

Como surgiu a vocação?

A vocação surgiu quando já estava na universidade, a estudar Ciências Farmacêuticas. Não ponderava minimamente a possibilidade de ser sacerdote uma vez que já tinha para mim que essa não era a minha vocação. Um dia, durante uma sessão de direção espiritual, Deus fez-me ver a sua vontade de forma clara.

Como foi o percurso vocacional?

A partir do momento em que percebi a vontade de Deus para mim, o discernimento focou-se na questão de «onde?». Estando a viver em Inglaterra nessa altura, não era evidente que a minha vocação fosse para o Patriarcado de Lisboa. Não era, se quer, evidente que a vocação fosse para a vida diocesana, uma vez que me atraía mais a vida religiosa.

Numa primeira abordagem, contactei a Congregação da Paixão de Jesus Cristo, também conhecida por Passionistas, onde percebi que não era esse o caminho que deveria seguir.

Enquanto continuava a discernir o «onde?», continuei os estudos de Teologia, agarrando a oportunidade que surgiu de ir estudar para Roma. Durante o “período romano”, tinha contacto com a região de Lamego, trabalhando nas vindimas e apanha da fruta durante o Verão, e convivendo com vários amigos que tenho aí. Eventualmente, pedi ao senhor bispo de Lamego a admissão ao seminário da diocese, e o dom António Couto aceitou.

Após entrar na diocese como seminarista, frequentei o Seminário Interdiocesano de São José, em Braga, terminei os estudos de Teologia em Roma e, pouco tempo depois fui ordenado diácono.

Quais os seminários que frequentou, uma vez que é da Diocese de Lisboa? Frequentei a primeira etapa de formação na Congregação da Paixão de Jesus Cristo e o Seminário Interdiocesano de São José.

Sendo originário de uma diocese mais urbana, porque escolheu uma diocese mais rural?

Mais uma vez, afirmar que escolhi uma diocese – seja ela qual for – não espelha bem a realidade. Em muitas circunstâncias vejo a providencia divina a guiar-me para onde me encontro hoje.

É evidente que existe uma inclinação natural para as características do mundo rural. Gosto do contacto com o campo e a tranquilidade que daí advém. A vida urbana, principalmente em cidades como Lisboa, tem vindo a tornar-se cada vez mais nauseante e, diria, danosa a vários níveis.

Quais as paróquias em que estagiou?

Estagiei em várias paróquias, sendo São Pedro de Tarouca aquela onde passei mais tempo.

Quais são as expectativas para o exercício da sua missão sacerdotal?

É expectável uma missão difícil por causa da turbulência sempre crescente que a Igreja tem vindo a atravessar nos últimos tempos. No entanto, é expectável também o enriquecimento pessoal próprio de quem tem o privilégio de poder celebrar a Sagrada Eucaristia.

Já sabe para onde vai exercer a sua missão?

O senhor bispo nomeou-me pároco de Chavães, Arcos, Paradela e Granjinha, e ainda administrador paroquial do lugar de Cabriz.

Quais as prioridades que tenciona pôr em prática na vida sacerdotal/paroquial? A prioridade é sempre a mesma: Jesus Cristo. Hoje em dia, a fé cristã é vivida por muitos como uma forma de superstição, ou então é vista como uma moral desatualizada. A prioridade é levar a uma relação pessoal com Jesus Cristo, nosso único salvador, aceitando o que Ele nos revela e que a Igreja magisterialmente conserva.

Entrevista conduzida por Iara Madureira, in Voz de Lamego, Ano 93/42, n.º 4722, de 20 de setembro de 2023

Deixe um comentário